sábado, 4 de setembro de 2010

Sem adaptação, município vira obstáculo para deficientes

Neste ano, a lei federal (Nº 10.098) que garante a acessibilidade das pessoas portadoras de deficiências físicas completa 10 anos. Mas o que deveria ser motivo de comemoração, provoca preocupação para boa parte dos moradores de Cachoeiro de Itapemirim. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), aproximadamente 17% da população cachoeirense possui algum tipo de deficiência, sendo que a metade tem a locomoção comprometida.

Em números exatos, cerca de 15 mil pessoas têm o direito violado por falta de estrutura na cidade. Entre tantos prédios com escadas, falta de apoio e até mesmo rampas íngremes demais, o campeão de reclamação é o Centro de Saúde, no centro do município.

Para conseguir ser atendido, o paciente que utiliza cadeira de rodas precisa da boa vontade do médico descer ao primeiro andar, já que não há rampas para chegar ao consultório, que fica no segundo piso da unidade.
"A dificuldade para nós é enorme. Tudo é feito para que sejamos dependentes das pessoas. O próprio prédio da Secretaria de Estado da Fazenda é um exemplo, não há rampas de acesso, apenas escadas", reclama o empresário Flávio Flicks.

Depois de um acidente de moto, Rodrigo Thiengo luta para conquistar a independência. Ele perdeu os movimentos da perna aos 17 anos, e depois de um período no Centro de Reabilitação Sarah, hoje dá um exemplo de superação. Convivendo há 12 anos com a deficiência, ele agora faz tudo sozinho.
Mas seu direito de ir e vir fica ameaçado quando encontra pela cidade prédios como o da Secretaria Estadual da Fazenda. "Saio de casa sozinho, mas quando chego aqui, preciso de ajuda, pois não há rampa. É como se tivesse perdido todo o avanço que conquistei nesses últimos anos", diz o cadeirante.

Pelas ruas, são os desníveis e calçadas irregulares que dificultam o acesso para os portadores de necessidades especiais. Na Praça Jerônimo Monteiro, o aposentado Rodrigo Thiengo tem problemas ao atravessar até mesmo usando a faixa de pedestre. "Em alguns pontos há sinais de uma rampa, mas elas estão destruídas. Sozinho, posso cair no meio da avenida", conta indignado.
Problemas

De acordo com a presidente do Conselho Estadual dos Portadores de Deficientes (CONDEF), Neila Madeira de Azevedo, as cidades não estão preparadas para receber os portadores de algum tipo de deficiência. "Na calçada há desníveis e vários prédios públicos, como prefeitura e câmara de vereadores, não são acessíveis de forma integral. É uma violação da cidadania".

Problemas também na hora de atravessar a rua. Bem no centro da cidade, a rampa que liga a faixa de pedestres à calçada está destruída
Respostas

A Secretaria Municipal de Governo informou que o atendimento a cadeirantes no palácio Bernardino Monteiro, sede da prefeitura, ocorre no primeiro pavimento, que possui rampa de acesso lateral. Demais alterações aguardam a transferência da sede do governo para um prédio próximo, que será adaptado para acesso de cadeirantes. A legislação municipal em vigor não contempla a acessibilidade nos pontos de ônibus, mas esses locais serão contemplados pelo projeto Calçada Cidadã.
Já a Secretaria Municipal de Saúde garantiu que a prefeitura já realizou a primeira das duas etapas de retirada da brita na entrada do Centro Municipal de Saúde Bolívar de Abreu. Todo o atendimento a cadeirantes é realizado atualmente no primeiro pavimento. E a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social disse que vai pedir a visita de um técnico da prefeitura para avaliar a viabilidade da obra na rampa que dá acesso à sua sede.

Quando ao prédio da Secretária de Estado da Fazenda, o órgão explicou que ele não possui os acessos adequados porque é muito antigo, foi construído há cerca de 40 anos. Mas existe a intenção de investir na construção de dois elevadores no local.
Fonte: Gazeta Online http://www.capixabao.com/v3/noticia/3963/geral/sem-adaptacao-municipio-vira-obstaculo-para-deficientes/

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