Quando criança, com cinco ou seis anos de idade, eu tinha três grandes sonhos: ter uma bicicleta, um piano e, por fim, um cachorro grande. Até aí, nenhuma novidade. Crianças de todo mundo vivem pedindo a seus pais essa espécie de trio supremo do desejo infantil. A bicicleta, tive de esperar até meus 26 anos. Em abril de 2000, pouco depois da chegada do novo milênio, ganhei um grande cachorro...” . O trecho é do livro Minha vida com Boris – A comovente história do cão que mudou a vida da sua dona e do Brasil, lançado pela editora Globo Livros. A autora Thays Martinez, advogada e especialista em direito penal e interesses transindividuais, relata sua amizade com o cão-guia Boris.
A dupla passou 10 anos juntos e ficaram conhecidos na luta pela inclusão de pessoas com deficiência. Em maio de 2000, recém-chegada dos Estados Unidos, Thays e Boris saíram de casa para trabalhar e foram impedidos de entrar em uma das estações da Companhia do Metropolitano de São Paulo. Na época não era permitido a entrada de animais no local. A luta dos dois inspiraram duas leis que hoje garantem acesse de cão-guia em espaços público e privado: aestadual 10.784, de 2001, e afederal 11.126, de 2005.
A publicação traz o relato de aspectos cotidianos das pessoas com deficiência, como a escolha de roupas e maquiagem, a locomoção, as relações interpessoais, a vida no ambiente corporativo, as conquistas profissionais, o aprimoramento pessoal, a vida no ambiente corporativo, a faculdade, a pós-graduação e a própria convivência com cães-guia.
Deficiente visual desde criança,Thays conta que sempre teve vontade de escrever um livro para contar a convivência com Boris e suas conquistas. “Quando ele morreu, decidi escrever para valer. Em seis meses fiz tudo. Foi uma forma de homenageá-lo. Também foi uma forma de dialogar com outras pessoas questões relacionadas à cidadania, à inclusão e à questão da própria vida, de superar alguns nãos”, justifica.
O Boris faleceu no final de 2009. O cão era um labrador amarelo, nascido em Michigan (Estados Unidos) e estudou na tradicional escola Leader Dogs for the Blind. Tinha como hobby tirar tampas de garrafas e gostava de correr e de beber água de coco. Sua única superstição era, em cada refeição, deixar um grão de ração em sua vasilha.
“A produção do livro foi feita basicamente em seis meses. Foi dividido entre antes e depois do Boris, inclusive quando ele se aposenta. Também entrou a história do Diesel, meu atual cão-guia. Está em uma linguagem bem acessível e tenho o sonho que possa ser lido pelo público infanto-juvenil”, conta Thays.
A autora também se preocupou da publicação impressa ser lançada junto com a versão de audiolivro. “Sei o que é ouvir falar de um livro e esperar meses para sair a versão acessível”, afirma.
Ela é fundadora e atualmente está como presidente do conselho do Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (IRIS), uma entidade sem fins lucrativos com a missão de desenvolver atividades que aumentam o processo de inclusão social das pessoas com deficiência visual. O objetivo principal é difusão do cão-guia como facilitador. “Hoje temos no Brasil aproximadamente 80 cães-guia. O IRIS é responsável por 24 deles. Também desenvolvemos palestras, seminários, espaços de debates sobre a inclusão. Em nossa última assembléia, decidimos que iremos aumentar nossas atividades, trabalhar com outras questões, como a qualificação profissional de pessoas com deficiência visual”, explicou.(...)
Serviço: |
| Título:Minha vida com Boris- A comovente história do cão que mudou a vida de sua dona e do BrasilAutora: Thays Martinez Páginas: 142 Formato: 20,5X 13,5 cm Preço sugerido: R$ 24,90 |
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